segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Congresso Brasileiro de Paleontologia: trabalhos apresentados

Entre os dias 12 e 19 deste mês aconteceu em Belém do Pará o XXI Congresso Brasileiro de Paleontologia. O LaPAS marcou presença com sete participantes e seis trabalhos, sendo cinco painéis e uma apresentação oral. A seguir, disponibilizamos o primeiro resumo. Ao longo da semana, todos devem estar disponíveis no blog.


Foraminíferos planctônicos e isótopos estáveis (∂18O e ∂13C) na compreensão paleoceanográfica da região Equatorial Oeste
do Atlântico Sul nos últimos 30.000 anos

Edmundo Camillo Jr & Felipe A. L. Toledo - Livro de Resumos do XXI Congresso Brasileiro de Paleontologia

Este estudo avaliou os sinais globais de ∂18O e ∂13C na espécie de foraminífero planctônico Globigerinoides ruber var. „branca‟ em dois testemunhos de mar profundo provenientes do talude continental da Bacia Pernambuco/Paraíba. A partir destes resultados o estudo objetivou: relacionar a curva de abundância relativa das principais espécies de foraminíferos planctônicos com as curvas de ∂18O e ∂13C, identificar os Estágios Isotópicos Marinhos (EIM) e utilizar a relação acima e a interpretação dos EIM na explicação das possíveis mudanças paleoceanográficas/paleoclimáticas nos últimos 30.000. Foram utilizadas 23 amostras (15 do testemunho KF-C e 8 do KF-B) que, de acordo com os resultados isotópicos de 14C, seriam suficientes para compreender todo o período de interesse. Para a recuperação dos foraminíferos dos sedimentos, as amostras foram processadas obedecendo as seguintes etapas: pesagem do material; lavagem sob água corrente em peneira de 0,062 mm; secagem em estufa a 50C, pesagem do material seco (recuperado). Após a pesagem o sedimento foi processado em peneira de 0,150mm; o sedimento retido contém a fauna de foraminíferos planctônicos mais representativa. A fase de triagem consistiu da separação dos foraminíferos planctônicos da espécie G. ruber var. branca dos sedimentos nas frações de tamanho adequadas para análise isotópica nas testas. A cronologia foi estabelecida a partir das datações de radiocarbono (14C) extraída do foraminífero planctônico G. ruber em quatro amostras, duas por testemunho. Os EIM foram determinados a partir da visualização das curvas de ∂18O e da observação da existência ou não dos foraminíferos planctônicos do complexo menardii (Globorotalia menardii, G. flexuosa e G. tumida). A presença em número significativo deste grupo específico de foraminíferos planctônicos é importante na determinação dos intervalos interglaciais (e.g. EIM 1). Os maiores valores de ∂18O foram relacionados ao EIM 2 enquanto que os menores foram relacionados ao EIM 1. No EIM 2, caracterizado por condições atmosféricas e oceanográficas mais intensas, foram favorecidas as espécies: Globorotalia truncatulinoides, Pulleniatina obliquiloculata, Globorotalia hirsuta, Globorotalia inflata, Neogloboquadrina dutertrei, Globigerina bulloides e Globigerinoides ruber „branca‟. A maior abundância relativa destas espécies durante o EIM 2 indicam menores efetividade da estratificação vertical e estabilidade da coluna d‟água, com relação ao EIM 1. Com o restabelecimento do padrão estrutural da coluna d‟água, o EIM 1 é caracterizado pelo aumento na abundância relativa das espécies do complexo menardii, bem como Globigerinella calida, Globigerina rubescens, Candeina nitida e Globigerinoides ruber „rosa‟. A abundância relativa destas espécies parece responder diretamente as alterações globais representadas pela passagem do EIM 2 para o EIM 1./ A espécie G. bulloides, geralmente associada a ambientes mais produtivos, foi a única que respondeu às alterações na produtividade. Porém os dados isotópicos de carbono não puderam ser considerados um proxy de produtividade confiável neste estudo já que está está sujeito a alguns desvios, dentre estes a atividade fotossintética dos simbiontes. Apesar da bem sucedida utilização da curva de ∂18O na interpretação paleoceanográfica da região estudada, este estudo sugere que os dados isotópicos de carbono (∂13C) extraídos da testa de G. ruber, unicamente, não devem ser utilizados para inferir a paleoprodutividade no Atlântico equatorial oeste nos últimos 30.000 anos.




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