quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Estudos de foraminíferos planctônicos e análise isotópica em um testemunho da Bacia de Santos

Fabiane Sayuri Iwai, Felipe A. L. Toledo & Karen Badaraco Costa - Livro de Resumos do XXI Congresso de Paleontologia

Os foraminíferos planctônicos têm grande aplicação na reconstituição climática, já que são organismos abundantes e de ampla distribuição espacial e temporal. Eles são organismos que possuem alta sensibilidade às mudanças ambientais. As oscilações climáticas ocorridas no passado podem, então, ser identificadas no registro fóssil através destes organismos. Existe um crescente interesse sobre a reconstituição paleoceanográfica do Atlântico Sul devido ao seu papel na circulação termohalina global. O presente estudo foi realizado em sedimentos obtidos através de um testemunho (KF-H) na Bacia de Santos. A coleta do testemunho foi realizada sob as coordenadas 24º31‟48”S; 42º32‟24”W a uma profundidade de 1.695 metros de lâmina d‟água. O testemunho recuperou 4,13 metros de sedimentos, os quais foram amostrados a cada 10cm, totalizando 40 amostras. Através de análises faunal e isotópicas de carbono e oxigênio em foraminíferos planctônicos foram realizadas inferências sobre as variações climáticas nos últimos 30.000 anos. A análise faunal do testemunho foi baseada nas espécies de foraminíferos planctônicos Globorotalia menardii, Globigerinoides ruber, Globigerina bulloides, Globorotalia truncatulinoides, Neogloboquadrina dutertrei e Globorotalia inflata. As análises isotópicas de carbono e oxigênio foram efetuadas nas testas de G. ruber (white). O intervalo recuperado pelo testemunho KF-H compreende o Holoceno e parte do último período glacial, sendo possível observar a presença do Último Máximo Glacial (UMG). A partir da bioestratigrafia, baseada na espécie G. menardii, foi possível identificar o limite entre o Pleistoceno e o Holoceno. A espécie G. ruber foi o organismo predominante, sendo a sua ocorrência inversa à da espécie G. bulloides. A curva da freqüência da espécie G. menardii é a que apresenta mudança de comportamento mais marcado em resposta às variabilidades climáticas, sendo o limite Pleistoceno/Holoceno identificado pela ausência/presença desta espécie. Apesar de não apresentar uma resposta tão clara quanto a G. menardii, a espécie G. inflata apresenta um claro limite entre os dois períodos. A espécie N. dutertrei não apresenta uma resposta clara às variações climáticas, porém a sua curva apresenta a mesma tendência da G. inflata de redução em direção ao Holoceno. A razão entre indivíduos dextrais e levógiros da espécie G. truncatulinoides também se mostrou um bom marcador de limite entre períodos frios e quentes. As variações de temperatura encontradas a partir das análises faunísticas apresentam boa correlação à curva isotópica de oxigênio. As espécies N. dutertrei, G. truncatulinoides, G. ruber e G. bulloides apresentaram forte correlação à curva isotópica de carbono e, portanto, à disponibilidade de nutrientes. A variação destas espécies e o comportamento da curva isotópica de carbono indicam um incremento na produtividade do Oceano Atlântico Sul na transição entre o Pleistoceno e o Holoceno. Através da análise faunal de foraminíferos planctônicos é possível identificar as mudanças climáticas ocorridas ao longo do tempo, e nota-se que as principais variações ocorreram no limite Pleistoceno/Holoceno. Os resultados desse estudo podem contribuir para a compreensão do papel do Oceano Atlântico Sul na circulação global.

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