terça-feira, 6 de outubro de 2009

Trabalhos do XXI Congresso de Paleontologia - Belém

Estimativas de produtividade ao longo dos últimos 15 mil anos na porção Oeste do Atlântico Sul a partir do estudo quantitativo de nanofósseis calcários

Heliane Bevervanso Ferrarese & Felipe A. L. Toledo - Livro de Resumos do XXI Congresso de Paleontologia

Os nanofósseis calcários compõem o grupo mais abundante de fósseis calcários do planeta, sendo os cocolitoforídeos os maiores produtores de carbonatos pelágicos. Visto que a produtividade biológica marinha é um mecanismo de extrema importância no processo de transferência de CO

2 atmosférico para os oceanos, as pesquisas por métodos de análises quantitativas de paleoprodutividade tornam-se expressivamente relevantes para estudos paleoceanográficos. Apesar de sua importância, os estudos neste campo ainda são escassos para a porção oeste do oceano Atlântico Sul e os estudos baseados em nanofósseis calcários em sedimentos em latitudes médias do Atlântico Sul têm se concentrado principalmente no setor leste. Beaufort ajustou uma equação para o cálculo da produtividade primária superficial, em gC m-2ano-1, para águas do oceano Índico, a partir de dados quantitativos da espécie de cocolitoforídeo Florisphaera profunda. Essa equação foi posteriormente testada por outros autores para o oceano Atlântico equatorial, os quais obtiveram boas correlações com a produtividade local. Com o intuito de testar a equação para o Atlântico subtropical, os resultados obtidos neste estudo foram comparados com os resultados quantitativos de espécies indicadoras de produtividade superficial. O objetivo principal deste trabalho foi estimar a paleoprodutividade primária ao longo do testemunho para Atlântico sul, a partir do estudo quantitativo de nanofósseis calcários e, secundariamente, testar a equação de paleoprodutividade, comparando os resultados obtidos à variação das abundâncias absolutas e relativas de nanofósseis calcários, ao índice de nutrientes, e aos dados de isótopos estáveis de carbono. O testemunho de 488 cm, com idade estimada em 15.000 anos foi coletado a 827 m de profundidade na Bacia de Santos. As análises micropaleontológicas foram realizadas a cada 8 cm, totalizando 56 amostras. As abundâncias absolutas, em número de nanolitos por grama de sedimento, foram obtidas a partir da utilização da técnica da decantação aleatória e, o índice de nutrientes, a partir da relação entre espécies de alta e de baixa fertilidade. A produtividade primária calculada variou entre 138 e 252 gC m-2ano-1

. Os resultados de abundância absoluta total apontaram para uma redução da produtividade primária superficial do início do Holoceno para o presente, acompanhando a tendência da curva de paleoprodutividade. A espécie Gephyrocapsa sp. destacou-se ao longo do testemunho, apresentando boas correlações com esta variação de produtividade das águas superficiais e com o Índice de nutrientes.

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